sexta-feira, 12 de junho de 2015

COOPERADORES DE DEUS

SAMUEL FERREIRA BRAGA
 

Na busca de respostas aos conflitos da vida Cristã,sempre fica uma interrogação: se é Cristo quem faz a obra, se eu uso seu nome para expulsar demônios, para orar pelos enfermos,se é Cristo, por exclusividade de sua graça, quem salva, por que em época de nosso viver o Senhor faz maravilhas e em outras não? Por que através de uma mensagem salva muitos pecadores e de outra não? Perguntei a um pastor e ele disse-me que a questão não era a mensagem nem o pregador,mas puramente a vontade de Deus.Então para que gastar tempo em oração e preparando mensagens, se disto não  depende a obra de Deus e não produz resultados espirituais?
Estudando a  Palavra de Deus e observando a vida dos grandes homens usados por ele, verificamos que nós fazemos parte de sua obra. Há coisas para nós fazermos e outras para Deus fazer.Ele poderia realizar sua obra redentora sem a participação do ser humano.No entanto,preferiu consumar a obra através de seu Filho e deixar que a igreja participasse do processo dos resultados da salvação de vidas.
Há três elementos participantes das causas espirituais: Deus, que possui o poder, a igreja que o proclama,e as pessoas que recebem pela fé.
Se a igreja não proclamar e os homens não crerem, eles não receberão as bênçãos divinas. Para a razão humana é difícil entender esta co- participação,mas esta é a lógica divina.Ele estabeleceu e concedeu este privilégio aos seres humanos; é preciso haver interação divina e humana na obra realizada aqui na terra. Na criação do mundo, a partir do nada, o Senhor Jeová agiu soberanamente com sua vontade e seu poder, mas na realização de seus feitos entre os homens, no mundo criado, ele decidiu contar com a nossa participação.É no mesmo tempo, um grande privilégio e uma grande responsabilidade.

EMPREENDIMENTO EM SOCIEDADE

Quando Deus repreendeu  Eli por causa da má conduta de seus filhos, ele disse;"Eu honrarei aos que me honram e os que me desprezam serão envilecidos", I Sm 2.30. Por este verso aprendemos que a honra que recebemos e os resultados obtidos na obra de Deus dependem da nossa dedicação a ele.Ele só fará alguma coisa através de nós à medida que nos dedicarmos a ele.Se dedicarmos nossa vida a Deus aumentando a comunhão com o Espírito Santo através da  oração e conhecimento de sua Palavra, então mais almas serão salvas, pessoas serão curadas, demônios serão expulsos, a fé será aumentada, o amor será maior, haverá abundância na obra de Deus. À medida em que diminuímos esta dedicação, também os resultados na vida pessoal e na obra de Deus decrescem.
Paulo expressou a mesma verdade, quando disse que somos "cooperadores de Deus"(1 Co 3.9). Cooperadores para realizarmos sua obra como seus sócios, em que ambas as partes defendem o êxito do trabalho.
Se uma delas for infiel, é óbvio que sempre será a humana, o trabalho fracassará. Porém Deus permanece fiel, e continuará realizando sua obra com outros "cooperadores". Ele exclui da sociedade os trabalhadores infiéis e admite outros para ocupar o lugar daqueles. O plano divino constitui-se num empreendimento que não sofre solução de continuidade.
Todo o êxito da obra depende, então do lado humano, e é proporcional à nossa afinidade com Deus, pois a atuação divina é perfeita.O problema, contrário  ao que havia dito o referido pastor, não é a vontade de Deus,mas nós e a forma pela qual realizamos a sua obra, pois a vontade de Deus é perfeita (Rm 12.2), ele deseja sempre salvar os perdidos, curar enfermos e dar boas dádivas às pessoas.Essas maravilhas e dádivas, porém, dependem da nossa dedicação e condição espiritual. Não que o nível de dedicação faça alguém merecedor, mas preparado para receber as manifestações e revelações divinas e, através destas, promover a glória de Deus. O fato de  não haver curas e crescimentos espiritual não pode ser simplesmente imputado à incredulidade e rebeldia das pessoas e à vontade divina, como se Deus fosse impotente ou estivesse desinteressado em fazer sua própria obra...É verdade que a Bíblia diz que "Jesus não fez muitas maravilhas em Cafarnaum por causa da incredulidade deles"(Mt 13.58), mas nem sempre Deus depende da fé do paciente, pois nos casos das ressurreições feitas por Jesus, o morto não tinha condição absoluta de demonstrar fé e, no entanto, isto não impediu de receberem o milagre ( Jo11.-44; Lc 7).
Outros chegam a atribuir o insucesso a algum membro da igreja, alegando terem algum pecado desconhecido ou escondido, a ponto de Deus estar punindo toda a comunidade. Tem como base a história de Acã, que por causa de seu pecado fez com que Israel perdesse a célebre batalha contra Ai ( Js 7.1-26).
É preciso não fazer doutrina baseada nas histórias bíblicas, principalmente do Velho Testamento, em que Deus punia toda a nação por causa do pecado de um só homem. Mais tarde, o próprio Deus disse: " a alma que pecar, esta morrerá", Ez 18.20. Aqui a punição é individualizada.
No Novo Testamento, o apóstolo Paulo declara que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12). Ananias e Safira pecaram e só eles foram mortos( At 5.1-16), sem que recaísse culpa alguma sobre a igreja de Jerusalém. Seria incabível conceber a ideia de que uma pessoa peque numa comunidade é Deus deixe de abençoar a outra que não viu, não conhece e não participou do pecado dela.
A razão da falta da presença divina nos nossos cultos e o insucesso de muitas igrejas, obreiros e cristãos, em geral, é porque oram pouco, tem pouca fé, jejuam pouco,leem pouco a Palavra de Deus e quase não evangelizam. Em outras palavras cooperam pouco com Deus. Se quisermos Vê-lo realizando grandes coisas, precisamos rever a nossa postura e agir de acordo com a Sua vontade.



Samuel Ferreira Braga é presbítero na AD em Governador Valadares, MG ( pastor Salatiel Fidelis de Souza), bacharel em Teologia e estudante de Direito na FADIVALE.


FONTE:  Jornal Mensageiro da Paz - 18 de junho de 1995, página 18.


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